Escolher um bom vinho pode ser uma tarefa muito boa, mas também nos coloca diante de várias dúvidas. Afinal, como vamos degustar o vinho perfeito? Será preciso agradar apenas o paladar ou existem técnicas e elementos que devemos sempre observar?
Existem muitas maneiras de provar vinhos como verdadeiros degustadores. Abordar esta questão é, portanto, ir em direção a um universo muito vasto. Mas também é muito mais fácil do que parece.
Se você gosta de degustar vinhos, tenha certeza de que o seu método deve ser o correto! Exceto, talvez, se você aprendeu a provar com algum sommelier ou especialista do ramo … De qualquer forma, não é necessário dominar todo o léxico do sommelier para encontrar as melhores opções.
Tudo o que você precisa fazer é ter em mente algumas idéias que podem decodificar melhor um vinho. E, como em qualquer método, a experiência permitirá que você trace suas preferências.
Nas próximas linhas, vamos dar algumas dicas que aprendemos na França, com o sommelier Adrien Garet. Embora o contexto seja francês, as dicas também valem para outros vinhos.
Como degustar vinhos franceses
A degustação não diz respeito a tomar um pouco do vinho. Na verdade, vamos passar por diferentes sentidos do nosso corpo, até chegar em uma conclusão.
A visão
A visão é o primeiro sentido aguçado pelo vinho. Inclusive, muitas das vezes é a visão quem dá início ao que chamamos de água na boca.
O exame visual, na verdade, nos passa pouca informação. A vestimenta do vinho (ou seja, sua cor) pode indicar que um vinho está mais ou menos concentrado. Mas essa não é uma regra.
Algumas variedades de uvas (como Grenache) podem ser menos tintas e gerarem vinhos encorpados. É apenas no contexto de uma prova às cegas que esta fase é realmente útil: pode dar uma indicação sobre a idade do vinho. Olhamos então, não a cor, mas os reflexos.
Para um vinho branco, nós examinamos os reflexos do disco, colocando o olho no copo. Um vinho branco tem, em primeiro lugar, reflexos verdes, depois prata, depois ouro e bronze. Um branco com reflexos prateados provavelmente será um vinho de um ou dois anos.
Para um vinho tinto, inclinamos o copo na frente de uma superfície branca e olhamos para o lado oposto. Os reflexos são tons de cereja ou framboesa, podendo evoluir em direção ao alaranjado.
O olfato
O olfato é analisado em duas etapas: o primeiro e segundo olfatos. No primeiro, sentimos o vinho sem arejá-lo, ou seja, sem mover o copo. Geralmente, esse teste não é muito poderoso. Para dizer a verdade, é assim que identificamos os defeitos do vinho. Os aromas ainda não estão presentes. Logo, os defeitos “saltam no nariz”, como o famoso “sabor de cortiça”, também muito perceptível ao olfato.
O segundo olfato: agora sim, arejamos o vinho. Aí sim, (normalmente) ele se abre, aumentando os aromas em dez vezes. O vinho é um produto vivo que reage com a aeração.
Se você não sentir nada, pode ser que o vinho ainda exija aeração (na garrafa ou na jarra). É interessante mexer o nariz no copo para detectar novos aromas. Podemos nos prestar ao jogo de reconhecimento de aromas. Mas reconhecer que um vinho cheira a flores não é essencial, longe disso.
Alguns pontos a se levar em conta: os aromas não são adicionados pelo enólogo. Ou seja, um vinho que cheira a rosa não fermenta com pétalas. E, precisamente, podemos agrupar três famílias de aromas:
- Os aromas primários da uva (um vinho feito com gewurztraminer, geralmente expressa aromas de rosa e lichia);
- Aromas secundários: provêm da fermentação;
- Aromas terciários: esses são os aromas provenientes da criação. Os vinhos foram envelhecidos em barris? Em barricas novas etc. Esses aromas são chamados de “empireumáticos”: é o toque de baunilha que pode ser encontrado nos vinhos.
O Paladar
Finalmente, chegamos na parte que é certamente a mais importante ao degustar vinhos. Antes de levar o vinho até os lábios, lembre-se de segurar a bebida pelo pé. Afinal, apertar o copo pode afetar aspectos como o local onde o vinho chega à nossa boca ou a temperatura.
Nessa etapa, você pode até mesmo fazer barulhos e realmente encher a boca de vinho e ar. Isso porque sabemos que os sensores de acidez, doçura e amargor não ficam nos mesmos locais da boca.
Por fim, prestaremos atenção especial às três fases:
- O ataque: notamos principalmente a força do vinho: é fraco, forte, flexível…
- O palato médio: é quando os sabores do palato se desdobram, a acidez para os brancos e os taninos para os vermelhos. Podemos analisar neste momento a textura do vinho.
- O final: para quais sabores o vinho evolui? E, acima de tudo, quanto tempo o vinho persiste na boca?
Neste cenário, um bom vinho é aquele capaz de evoluir na boca e o sabor persistir, mesmo depois que for engolido. Aliás, vale lembrar que, em geral, o vinho de uma degustação não é engolido, mas sim cuspido.
Viu só como degustar vinhos não é um grande mistério? Claro que tudo vai depender do contexto, mas com essas dicas você já pode se aventurar pelos rótulos franceses. Afinal, a França é conhecida por fazer bons vinhos.
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